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O pelicano e o colibri
Um certo dia um pelicano, com seu grande bico, sentado num ramo de uma árvore, vê um colibri, com o seu biquinho minúsculo, muito atarefado de um lado para o outro da floresta. Aquela atitude inquietou o pelicano que interpelou o colibri e lhe perguntou: - -Oh colibri, espera lá, que estás tu a fazer? O colibri apressadamente respondeu: Oh pelicano, não vez que um fogo deflagrou na floresta? E o pelicano retorquiu: - Sim, mas e o que tu tens que ver com isso? O colibri sempre batendo as asinhas respondeu: - Eu vou buscar água com o meu biquinho àquela ribeira e depois despejou-a em cima do fogo da floresta.
O pelicano soltou uma grande gargalhada de troça e acrescentou:
- Olha lá tu achas que vais conseguir apagar o fogo? Achas mesmo?
O colibri terminou a conversa, pois tinha um fogo para apagar, dizendo:
- Não sei, mas ao menos faço a minha parte!
A terapeuta e o colibri
Foi no horário do almoço em um restaurante no Rio de Janeiro que encontrei uma colibri voando alto, voando baixinho, voando sempre. Lá estávamos nós duas: ela, Bernadete Passos, diretora do Instituto Colibri em Paraty, e eu, Luz Marina Gutiérrez, psicoterapeuta e coach de vida, falando da vida, dos sonhos e das possibilidades de voar juntas e junto a outras mulheres em Paraty.
Paraty esse espaço magico compartido por nós duas (somos vizinhas) e dividido só por uma cerca de flores, bananeiras, ipês, palmeiras juçaras e um flamboyant dentre outras espécies. Paraty um ninho de desafios e de projetos para quem, como Bernadete e a equipe do Instituto Colibri, pensa em desenvolvimento sustentável e acredita no potencial dos moradores da região. Foi neste contexto que me somei e fui somada.
Minha experiência profissional na capacitação de mulheres jovens e adultas e meu trabalho com grupos de mulheres de diversas condições sociais e econômicas veio a contribuir para ampliar esta visão da sustentabilidade desde uma perspectiva das relações de gênero e o empoderamento feminino. E foi em 2010, começou-se a gestar junto com a equipe do Instituto Colibri e mulheres empreendedoras sociais da região a REDE FEMININA DE PARATY, um projeto que possibilita encontros que visam integrar, socializar e fortalecer as mulheres da região de Paraty em sua autoestima, empreendedorismo e empoderamento.
Para a realização da segunda edição do Paraty EcoFashion que acontecerá este próximo fim de semana em Paraty (14,15 e 16 de setembro) foi realizado um trabalho prévio de capacitação de mulheres caiçaras, indígenas e quilombolas que tiveram ainda a oportunidade de participar de oficinas de Corte e Costura, de Design e Papel Artesanal, Customização, e Vivências para o Fortalecimento da Cadeia Produtiva do Artesanato da região .
http://paratyecofashion.com.br/2012/ |
De todas estas atividades aqui descritas, talvez esta última mencionada de forma tímida no site da ecoFashion seja a mais difícil de medir e de entender. Tenho muito orgulho como terapeuta e como mulher de ter trabalhado com as mulheres de Paraty estas vivências de desenvolvimento pessoal. O objetivo deste trabalho é promover e estimular novas formas de pensar e agir de forma crítica e construtiva enquanto a ser ou se tornar empreendedora e principalmente enquanto a ser mulher nascida ou moradora de esta linda região do Brasil.
Nelly P. Stromquist, professora de educação para o desenvolvimento internacional na Escola de Educação da Universidade do Sul da Califórnia e especialista em questões de gênero, afirma que o processo do empoderamento feminino se fortalece através de cinco níveis de igualdade: bem-estar, acesso aos recursos, conscientização, participação e controle. No meu trabalho com grupos de mulheres vejo as dificuldades que muitas mulheres de regiões de áreas urbanas e rurais têm de lutar pelo acesso a estes níveis de igualdade. A invisibilidade das mulheres em muitas comunidades ainda continua sendo um denominador. O Instituto Colibri em Paraty através de suas práticas cotidianas e desafios múltiplos na promoção da igualdade e equidade de gênero promove um espaço para que nós mulheres possamos refletir e lutar por nossos direitos, nossa identidade, pertença e autoestima. Neste trabalho tenho-me tornado também uma colibri.
No México, o beija-flor tem uma simbologia muito forte. Os Astecas acreditam que as almas dos guerreiros mortos, regressam à vida sob forma de colibri. Na língua dos índios Caraíbas no Brasil, colibri significa "área resplandecente" e também se diz que quando chega a primavera, como as árvores ganham as folhas, o beija-flor ou colibri também ganha uma nova plumagem... e acorda... Simbologia maravilhosa para representar a força do feminino.
Parabéns Mulheres de Paraty pela nova plumagem. Parabéns Bernadete e Instituto Colibri por resplandecer pessoas, homens, mulheres e crianças neste canto mágico na ponte branca de Paraty. Parabéns por realizar sonhos.